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quarta-feira, 29 de julho de 2015

Rapaz morto após aplicar hidrogel no pênis teria usado produto na nádega Jovem de 18 anos morreu em Ribeirão Preto, SP, após sofrer uma embolia. Família acusa travestis de fazerem diferentes aplicações no corpo do jovem.

magens divulgadas pela família do jovem morto em Ribeirão Preto (SP) após aplicar hidrogel no pênis mostram o momento em que uma pessoa supostamente aplica o mesmo produto nas nádegas do rapaz. A família registrou um boletim de ocorrência nesta quarta-feira (28).
O rapaz morreu na sexta-feira (24), na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE) de Ribeirão Preto. Em decorrência da aplicação da substância no pênis, ele sofreu uma embolia pulmonar (obstrução de artérias do pulmão), o que causou uma parada cardiorrespiratória.
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Segundo uma irmã do rapaz, que não quis se identificar, a pessoa que aparece aplicando a injeção nas nádegas do jovem é um dos 11 travestis que moravam com ele. O vídeo sem data específica foi entregue por um amigo da vítima à família, que levou as imagens à delegacia.
A Polícia Civil informou que as investigações estão em fase preliminar e são conduzidas pelo 5º Distrito Policial, na zona norte de Ribeirão. Até o momento, nenhum envolvido foi identificado e ninguém prestou depoimento.
Desde a morte do jovem,  tenta ouvir os travestis que moravam com ele, mas nenhum deles concordou em dar entrevista.
O corpo do jovem foi enterrado na tarde desta quarta-feira em Codó, no leste do Maranhão.
Família não sabia de aplicações
A irmã da vítima afirma que ficou surpresa ao ver um dos travestis injetando a substância nas nádegas do irmão.
"Quem convivia com ele dizia que não sabia o que ele estava fazendo. Ele morava na favela, e aí a gente veio descobrir que era na casa desses travestis. Eles falaram que não era do conhecimento deles que o meu irmão usava hidrogel. Só que no vídeo eles aparecem aplicando [a substância]. Eles ajudavam ele a aplicar", afirma.
A mulher diz ainda que a família só descobriu que o jovem dividia uma casa com travestis depois da morte dele. Há poucos meses, o rapaz havia deixado a casa dos irmãos dizendo que viveria com uma namorada.
"A gente não fazia ideia. A gente sempre pedia: mostra a sua namorada para a gente. E ele: não, não é tempo. E a gente nunca entrou em contato com esse povo com quem ele estava morando", diz.
Os familiares do jovem chegaram a notar que ele vinha apresentando mudanças no corpo. "Percebemos mudança nos braços, que estava um pouco mais forte. Ele comentou com o irmão que estava na academia e que os braços estavam ficando fortes. Agora, a gente está pensando que pode ser por causa desse gel que estavam aplicando nele", relata a irmã.
Uma prima, que também não quis se identificar, acusa os travestis de terem influenciado o jovem a fazer uso da substância. "Ele se envolveu com gente perigosa. A família inteira está em choque. A gente não fazia a menor ideia do que ele queria, o que ele estava pensando. Mas, com certeza, tem alguém por trás disso que tinha experiência com esse tipo de coisa, de produto. Fizeram para machucar ele", afirma.

Hidrogel exige cuidados
Usado principalmente para preenchimento e aumento de volume em regiões como nádegas e coxas, o hidrogel esteve relacionado a problemas graves de saúde em pessoas que recorreram a esse procedimento nos últimos meses no país.
Como o procedimento prevê o depósito de uma grande quantidade de material sob a pele, há risco de o produto ser injetado perto de um vaso e comprimi-lo, causando isquemia. Caso seja aplicado equivocadamente dentro de um vaso sanguíneo, pode levar a uma trombose e à necrose da pele no local, ou ainda provocar embolia pulmonar e até cerebral.
Sem a orientação adequada, um procedimento injetável sempre traz risco ao paciente"
Luis Fernando Ungarelli, cirurgião plástico
O cirurgião plástico Luis Fernando Ungarelli, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, assistiu às imagens da suposta aplicação de hidrogel e afirmou que é difícil precisar que tipo de substância poderia estar sendo injetada nas nádegas do jovem. O médico afirma, no entanto, que o procedimento foi feito sem os cuidados básicos.
"Não parece um procedimento habitual com todo processamento e cuidados que se têm, com utilização de luvas. Não consegui ver um preparo de pele específico. São detalhes técnicos mínimos que deveriam ser seguidos. Não parece o preparo habitual que um profissional de saúde faria. Sem a orientação adequada, um procedimento injetável sempre traz risco ao paciente", explica.
Ungarelli também afirma que é a primeira vez que tem conhecimento de um caso de aplicação de hidrogel no pênis. Segundo o cirurgião plástico, a aplicação no local é perigosa porque o órgão é extremamente vascularizado.
"Nunca vi injeção num local tão vascularizado assim. Não é uma localização habitual para se aplicar [hidrogel]. Uma vez que você injeta qualquer produto que tenha uma densidade maior que o sangue em um tecido vascular, pode irritar os vasos, causar trombos sanguíneos ou o próprio material entrar na corrente sanguínea e causar embolia ou infecção", conclui

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